Documento da Secretaria Estadual de Transportes mostra que o bonde número 10, que tombou em Santa Teresa no sábado matando 5 e ferindo 57, passou por 13 intervenções mecânicas em 22 dias, incluindo sucessivas trocas de sapatas do freio. A última intervenção ocorreu dois dias antes da tragédia. Os problemas chegaram a retirar o veículo de circulação três vezes no período. Nesta terça-feira, o governador Sérgio Cabral, que ainda não se manifestou publicamente desde o acidente, nomeou o presidente do Detro, Rogério Onofre, interventor no sistema de bondes.
Onofre não descarta privatizar os bondes de Santa Teresa. Para ele, a prioridade é a segurança: "Não temos tempo a perder, mas não posso definir prazo para que os bondes voltem a circular. Faremos inspeção completa da situação. As tragédias têm que servir de lição. Nossa preocupação será com a ordem e a segurança".
Para especialistas, o registro de manutenções do bonde 10, ao qual O DIA teve acesso, é uma evidência da precariedade do veículo. De 3 a 25 de agosto, foram oito sapatas de freio trocadas, a intervalos de dois dias; troca do cabeçote do compressor (equipamento fundamental para o sistema de freio); seis regulagens realizadas no freio, superaquecimento do box, entre outros problemas. Dia 21 de agosto, o bonde apresentou falha nos freios e, dois dias antes do acidente, a oitava sapata foi substituída.
Para engenheiros, um veículo com esse histórico não poderia circular, principalmente em ladeiras, que exigem muito do freio. O vice-presidente do Crea, Luiz Antônio Cosenza, explicou que a sequência de manutenção corretiva mostra que o veículo estava com problemas. "Esse troca-troca de sapatas é estranho. É difícil que uma sapata nova apresente problemas. Elas duram de três a seis meses", observou. Peritos do ICCE recolheram ontem peças de bondes parados na garagem para avaliar o desgaste. Laudo fica pronto em 30 dias.
Após mortes, obras são intensificadas
Sessenta e seis dias após a morte do francês Charles Damien Pierson, 24, que caiu do bonde do alto dos Arcos da Lapa, e três dias após o acidente que deixou cinco mortos, a obra de recuperação do gradil de proteção nos Arcos foi intensificada. A Secretaria de Transportes informou que as intervenções ocorrem desde antes da morte de Charles, mas que a suspensão do serviço do bonde, após o acidente de sábado, permitiu que os trabalhos ocorressem ao longo do dia.
A troca do gradil era exigência do Ministério Público na ação proposta em 2008 contra o estado e a Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central). Após apelações do governo, o MP aguarda confirmação da sentença que condenou o estado a melhorar o serviço.
Verba do Detro para o bonde
Para o interventor no sistema de bondes, Rogério Onofre, recursos não vão faltar. Ele afirmou a O Dia que, se preciso, usará recursos do Detro na modernização dos veículos.
Onofre já escolheu sua equipe e se apresenta hoje na secretaria. Em reunião ontem à noite, ele contou ter visto projetos de Parcerias Público Privadas e privatização, e que avaliará as propostas sem descartar qualquer hipótese.
A intervenção não tem prazo para terminar. "Todos os bondes que precisarem ser reformados, serão", disse Onofre, que prometeu que o bondinho de Santa Teresa voltará a ser motivo de orgulho carioca.
"Meus Deus, está sem freio!"
Outra vítima do acidente, o projetista Jorge Daniel de Athayde, 30, disse nesta terça-feira na 7ª DP (Santa Teresa) que o motorneiro Nelson Correa da Silva, morto na tragédia, tentou parar, mas não conseguiu frear. Ele gritava: "Meu Deus, tá sem freio!", lembra.
Morador da Ilha em seu primeiro passeio no bonde, Daniel sofreu corte na cabeça e escoriações pelo corpo. Um menino de 3 anos continua em estado grave e outros 15 feridos seguem internados.
Onofre não descarta privatizar os bondes de Santa Teresa. Para ele, a prioridade é a segurança: "Não temos tempo a perder, mas não posso definir prazo para que os bondes voltem a circular. Faremos inspeção completa da situação. As tragédias têm que servir de lição. Nossa preocupação será com a ordem e a segurança".
Para especialistas, o registro de manutenções do bonde 10, ao qual O DIA teve acesso, é uma evidência da precariedade do veículo. De 3 a 25 de agosto, foram oito sapatas de freio trocadas, a intervalos de dois dias; troca do cabeçote do compressor (equipamento fundamental para o sistema de freio); seis regulagens realizadas no freio, superaquecimento do box, entre outros problemas. Dia 21 de agosto, o bonde apresentou falha nos freios e, dois dias antes do acidente, a oitava sapata foi substituída.
Para engenheiros, um veículo com esse histórico não poderia circular, principalmente em ladeiras, que exigem muito do freio. O vice-presidente do Crea, Luiz Antônio Cosenza, explicou que a sequência de manutenção corretiva mostra que o veículo estava com problemas. "Esse troca-troca de sapatas é estranho. É difícil que uma sapata nova apresente problemas. Elas duram de três a seis meses", observou. Peritos do ICCE recolheram ontem peças de bondes parados na garagem para avaliar o desgaste. Laudo fica pronto em 30 dias.
Após mortes, obras são intensificadas
Sessenta e seis dias após a morte do francês Charles Damien Pierson, 24, que caiu do bonde do alto dos Arcos da Lapa, e três dias após o acidente que deixou cinco mortos, a obra de recuperação do gradil de proteção nos Arcos foi intensificada. A Secretaria de Transportes informou que as intervenções ocorrem desde antes da morte de Charles, mas que a suspensão do serviço do bonde, após o acidente de sábado, permitiu que os trabalhos ocorressem ao longo do dia.
A troca do gradil era exigência do Ministério Público na ação proposta em 2008 contra o estado e a Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central). Após apelações do governo, o MP aguarda confirmação da sentença que condenou o estado a melhorar o serviço.
Verba do Detro para o bonde
Para o interventor no sistema de bondes, Rogério Onofre, recursos não vão faltar. Ele afirmou a O Dia que, se preciso, usará recursos do Detro na modernização dos veículos.
Onofre já escolheu sua equipe e se apresenta hoje na secretaria. Em reunião ontem à noite, ele contou ter visto projetos de Parcerias Público Privadas e privatização, e que avaliará as propostas sem descartar qualquer hipótese.
A intervenção não tem prazo para terminar. "Todos os bondes que precisarem ser reformados, serão", disse Onofre, que prometeu que o bondinho de Santa Teresa voltará a ser motivo de orgulho carioca.
"Meus Deus, está sem freio!"
Outra vítima do acidente, o projetista Jorge Daniel de Athayde, 30, disse nesta terça-feira na 7ª DP (Santa Teresa) que o motorneiro Nelson Correa da Silva, morto na tragédia, tentou parar, mas não conseguiu frear. Ele gritava: "Meu Deus, tá sem freio!", lembra.
Morador da Ilha em seu primeiro passeio no bonde, Daniel sofreu corte na cabeça e escoriações pelo corpo. Um menino de 3 anos continua em estado grave e outros 15 feridos seguem internados.